Você já viu alguém usando um cordão verde com desenhos de girassóis? Esse item tem um papel importante e, muitas vezes, mal compreendido. O cordão de girassol é um recurso de identificação criado para indicar que a pessoa que o utiliza tem uma condição oculta, como o autismo leve ou o TDAH, e que pode precisar de compreensão, paciência ou suporte diferenciado em situações do dia a dia.
Ele não serve para “rotular”, muito menos deve ser usado por impulso ou apenas por identificação pessoal. O cordão é mais útil quando faz parte de um processo de acolhimento e adaptação, principalmente após uma avaliação que confirma o diagnóstico. Em crianças com autismo leve, por exemplo, que podem falar, brincar e parecer “típicas” em certos contextos, ele funciona como um sinal silencioso, avisando que aquela criança pode ter dificuldades com filas, barulhos, contato visual ou mudanças de rotina — mesmo que pareça tudo bem do lado de fora.
Os benefícios de usar o cordão incluem redução de julgamentos, prevenção de constrangimentos e até mais segurança emocional para a própria criança e seus cuidadores. Ele já tem sido adotado em ambientes como aeroportos, escolas, supermercados e eventos públicos. Para muitos, tem feito a diferença entre viver em alerta e viver com mais leveza. Mas é importante entender: o cordão de girassol não substitui uma avaliação, nem é um atalho para o diagnóstico. Ele é um apoio, quando bem orientado, para ampliar a inclusão.
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O Que É O Cordão De Girassol E O Que Ele Representa
O cordão de girassol é um colar com estampa de girassóis em fundo verde. Ele foi criado no Reino Unido como uma forma de indicar, de maneira discreta e respeitosa, que a pessoa que o utiliza tem uma condição invisível e pode precisar de apoio, paciência ou compreensão adicional em determinados contextos.
Não é um símbolo oficial de diagnóstico, nem deve ser usado como forma de autodeclaração sem orientação adequada. Ele se tornou popular principalmente entre pessoas com autismo leve, TDAH, ansiedade, entre outras condições que muitas vezes não são percebidas à primeira vista.
O uso correto do cordão de girassol tem o objetivo de gerar empatia e facilitar a inclusão em situações públicas, sociais e até mesmo familiares. Veja abaixo o que ele representa na prática:
- Sinal de identificação não verbal
Para pessoas que não conseguem ou não se sentem confortáveis em explicar sua condição, o cordão funciona como um aviso visual que pede cuidado e atenção, sem precisar dizer uma palavra. - Instrumento de inclusão
Ele mostra que há uma condição invisível presente, promovendo mais acolhimento em ambientes como escolas, comércios, aeroportos, eventos ou hospitais, onde a falta de informação pode gerar constrangimento ou até exclusão. - Recurso de apoio para familiares e cuidadores
Pais que acompanham filhos com TEA ou TDAH, por exemplo, relatam que o uso do cordão reduz o número de olhares e julgamentos quando a criança reage de forma inesperada em locais públicos. - Forma de lembrar que nem todo desafio é visível
O cordão reforça que dificuldades cognitivas, sensoriais ou comportamentais nem sempre aparecem “por fora”, e que o respeito deve vir mesmo sem uma explicação evidente.
É importante dizer: o cordão de girassol é mais eficaz quando usado com consciência, dentro de um contexto que envolva escuta, orientação e, de preferência, um diagnóstico feito por profissional qualificado.

Quem Pode Usar O Cordão De Girassol: Muito Além Do Autismo
Quando você observa alguém utilizando o cordão de girassol, é comum pensar automaticamente no autismo. No entanto, a verdade é que este símbolo representa muito mais do que isso. Ele foi criado para sinalizar qualquer deficiência oculta, aquelas que não são visíveis a olho nu, mas que impactam diretamente o dia a dia de quem convive com elas.
O cordão não serve apenas para identificar pessoas dentro do espectro autista. Você também pode usá-lo se convive com condições que, apesar de não serem percebidas visualmente, geram desafios na comunicação, compreensão, mobilidade ou interação social.
Entre os perfis que se beneficiam do uso do cordão de girassol estão pessoas com:
- Transtorno do Espectro Autista (TEA)
- TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)
- Dislexia, discalculia ou outras dificuldades específicas de aprendizagem
- Deficiência intelectual leve ou moderada
- Transtornos de ansiedade severa
- Síndrome de Tourette
- Fobias sociais intensas
- Transtornos sensoriais
- Condições neurológicas como epilepsia
- Doenças crônicas invisíveis, como fibromialgia, síndrome da fadiga crônica, enxaqueca crônica e lúpus
- Déficits de audição ou visão que não são completamente aparentes
- Doença de Parkinson, esclerose múltipla e outras condições neurodegenerativas
O cordão funciona como um sinal de respeito, indicando que aquela pessoa pode precisar de mais tempo, compreensão, empatia e acolhimento em ambientes públicos, filas, atendimentos, aeroportos, shoppings e qualquer outro espaço coletivo.
Se você percebe que enfrenta desafios por conta de alguma dessas condições, o uso do cordão de girassol é um direito seu, mesmo que você ainda não tenha um diagnóstico fechado. Por isso, entender quem pode usá-lo amplia não só a sua visão, mas também a de toda a sociedade sobre a importância da acessibilidade invisível.
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Por Que O Cordão De Girassol Ainda Causa Confusão E Julgamentos
Apesar de ser um recurso pensado para gerar inclusão e empatia, o cordão de girassol ainda provoca muita confusão, olhares atravessados e até julgamentos. Isso acontece, principalmente, porque grande parte das pessoas ainda não entende o que ele realmente representa.
Existe uma percepção equivocada de que quem utiliza o cordão deveria ter uma deficiência visível, algo que pudesse ser facilmente notado. Quando você olha para alguém que aparentemente não demonstra nenhuma limitação física, surge aquele pensamento automático: “Por que essa pessoa está usando isso?”. Essa falta de compreensão abre espaço para questionamentos, julgamentos e até constrangimentos.
Outro fator que alimenta essa confusão é o desconhecimento sobre o que são as deficiências ocultas. A sociedade, de forma geral, ainda associa acessibilidade apenas a cadeiras de rodas, bengalas ou recursos físicos visíveis. Quando você convive com desafios que não aparecem externamente, como no caso do TEA, TDAH, ansiedade severa ou dislexia, acaba sendo constantemente colocado em situações onde é preciso explicar, justificar e provar aquilo que não é visível.
Além disso, a ausência de campanhas de conscientização eficazes agrava ainda mais esse cenário. Muitos estabelecimentos, funcionários de empresas, órgãos públicos e até profissionais de saúde não sabem o que é o cordão de girassol. Isso faz com que o uso do cordão não gere o efeito esperado de acolhimento e, em alguns casos, cause ainda mais frustração para quem já enfrenta desafios diários.

Cordão De Girassol No Brasil: Visibilidade, Leis E Desafios
No Brasil, o cordão de girassol vem conquistando mais visibilidade nos últimos anos. Aos poucos, ele tem se tornado um símbolo reconhecido nos aeroportos, shoppings, supermercados, escolas e outros espaços públicos. No entanto, mesmo com esse avanço, ainda existem muitos desafios quando você observa a falta de informação, a ausência de leis nacionais robustas e o despreparo de boa parte da sociedade.
Diferente de alguns países da Europa, onde o cordão já é reconhecido oficialmente, no Brasil ele ainda não possui uma lei federal específica que regulamente o uso em todo o território nacional. Existem projetos em tramitação, além de algumas leis municipais e estaduais que tratam sobre o tema, mas ainda de forma isolada.
Atualmente, algumas regiões do Brasil já possuem legislações específicas sobre o cordão de girassol. Veja alguns exemplos:
- Lei Estadual no Paraná (Lei 20.774/2021)
Reconhece o cordão de girassol como símbolo de identificação para pessoas com deficiências ocultas. A lei também obriga locais públicos e privados a fazerem campanhas de conscientização sobre o uso. - Lei Estadual em São Paulo (Lei 17.406/2021)
Estabelece que órgãos públicos, empresas concessionárias de serviços públicos e instituições financeiras devem reconhecer e dar atendimento prioritário às pessoas que usam o cordão de girassol. - Lei Estadual no Rio de Janeiro (Lei 9.401/2021)
Determina o reconhecimento do cordão de girassol como instrumento auxiliar na orientação e atendimento de pessoas com deficiências não visíveis. - Leis Municipais em várias cidades
Diversas cidades brasileiras já criaram suas próprias leis para garantir o reconhecimento do cordão em ambientes locais, mas sem uma padronização nacional.
Apesar dessas leis, existem desafios claros que você percebe no dia a dia:
- Falta de uma legislação federal unificada
Sem uma lei que abranja todo o país, o uso do cordão ainda depende da conscientização local e da boa vontade de empresas e instituições. - Desinformação generalizada
Boa parte da população não sabe o que o cordão representa. Isso faz com que ele perca sua função principal, que é gerar acolhimento e facilitar o entendimento sobre as deficiências ocultas. - Falta de treinamento para profissionais
Funcionários de aeroportos, supermercados, hospitais e outros serviços muitas vezes não são treinados para reconhecer e respeitar o cordão, gerando constrangimentos. - Ausência de campanhas educativas em larga escala
Sem campanhas de conscientização consistentes, tanto as pessoas que poderiam usar o cordão quanto quem convive com elas ficam sem informações claras sobre direitos, deveres e a importância desse recurso. - Desigualdade no acesso
Em muitas regiões do Brasil, principalmente nas mais afastadas dos grandes centros, você percebe que o cordão de girassol nem sequer é conhecido, muito menos reconhecido como símbolo de acessibilidade.
Enquanto em alguns espaços o cordão já abre portas para empatia e acolhimento, em outros ainda existe resistência, desconhecimento e até desrespeito. Isso revela o quanto o Brasil precisa avançar tanto na criação de leis mais abrangentes quanto na construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
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Situações Onde O Cordão De Girassol Faz Diferença Real Na Vida Das Pessoas
Quando você convive com um diagnóstico que não é visível, situações simples podem se transformar em grandes desafios. É nesse contexto que o cordão de girassol faz uma diferença real na vida de muitas pessoas. Ele não é apenas um acessório, mas sim um sinal silencioso que comunica ao outro: “eu posso precisar de paciência, apoio ou compreensão”. Ter esse reconhecimento muitas vezes evita constrangimentos, crises emocionais e até situações de sobrecarga sensorial.
Existem diversos cenários em que o uso do cordão se torna um recurso de apoio fundamental para quem enfrenta dificuldades que não estão estampadas no corpo. Entender esses contextos ajuda você a perceber o quanto ele é essencial. Veja alguns exemplos:
- Filas e atendimentos em serviços públicos e privados
Permite que a pessoa seja reconhecida como prioritária, evitando longas esperas que podem gerar ansiedade, estresse ou crises, especialmente no TEA e no TDAH. - Aeroportos, rodoviárias e viagens em geral
Facilita o embarque, o atendimento e o deslocamento, principalmente para quem lida com sobrecarga sensorial, dificuldade com mudanças de rotina ou confusão em ambientes muito cheios. - Hospitais, clínicas e serviços de saúde
O cordão sinaliza para as equipes que aquela pessoa pode precisar de um atendimento mais empático, de comunicação mais clara ou de tempo para processar informações. - Supermercados, shoppings e ambientes comerciais
Ajuda a reduzir olhares de julgamento ou cobranças de comportamento esperado, como no caso de quem tem dificuldade de esperar, necessidade de se movimentar ou sensibilidade a sons e luzes. - Instituições de ensino e ambientes acadêmicos
Garante mais compreensão por parte de professores, funcionários e colegas, principalmente em situações que envolvem mudanças, regras rígidas ou sobrecarga de informações. - Transporte público e mobilidade urbana
Auxilia no entendimento de que aquela pessoa pode precisar de um assento, de ajuda na comunicação ou de suporte para lidar com deslocamentos estressantes. - Eventos sociais, culturais ou esportivos
Em ambientes com muita gente, barulho, estímulos visuais ou imprevisibilidade, o cordão ajuda a sinalizar que aquela pessoa pode precisar de mais compreensão e acolhimento.
Quando você percebe quantas situações cotidianas podem se tornar mais leves com o uso do cordão de girassol, entende por que ele não é apenas um símbolo, mas uma ferramenta de inclusão que impacta diretamente a qualidade de vida.

Cordão De Girassol E Diagnóstico: O Que Pais E Adultos Precisam Entender
O cordão de girassol é uma ferramenta de identificação, mas ele não substitui um diagnóstico preciso. Muitas pessoas, tanto pais quanto adultos, acabam acreditando que o uso do cordão já basta para justificar suas dificuldades. No entanto, é fundamental entender que ele não tem valor clínico, nem oferece respaldo terapêutico, educacional ou legal.
O diagnóstico correto é o que permite você acessar direitos, tratamentos e estratégias que realmente fazem diferença na sua vida. Além disso, entender seu funcionamento neurológico ajuda você a sair da dúvida, aliviar angústias e até se libertar de julgamentos internos e externos. Não se trata de um rótulo, mas de clareza sobre quem você é e sobre o que você precisa.
Veja os principais benefícios que um diagnóstico preciso pode oferecer:
- Acesso a Direitos e Benefícios Legais
O laudo formal garante acesso aos direitos previstos em lei, como prioridade em filas, adaptações no ambiente de trabalho, suporte educacional, benefícios previdenciários e isenções fiscais, quando aplicável. - Planejamento Terapêutico e Intervenções Assertivas
Somente com uma avaliação completa é possível definir quais tipos de terapias, intervenções ou acompanhamentos fazem sentido para suas necessidades específicas, otimizando tempo, recursos e energia. - Compreensão Profunda Sobre Seu Funcionamento
O diagnóstico permite você entender por que certas situações geram tanta sobrecarga, dificuldade de foco, exaustão social, entre outros desafios. Essa clareza muda sua relação consigo mesmo. - Redução da Autocobrança e do Sofrimento Psicológico
Muitas pessoas passam a vida achando que são preguiçosas, distraídas, lentas ou difíceis. O diagnóstico desconstrói essas crenças e abre espaço para uma narrativa mais empática e respeitosa com sua própria história. - Melhora dos Relacionamentos e da Comunicação
Quando você entende seu perfil neurológico, passa a comunicar melhor suas necessidades e seus limites, seja no ambiente familiar, escolar, profissional ou social. - Planejamento de Vida Mais Coerente com Suas Necessidades
Ter clareza sobre suas características neuro divergentes permite que você faça escolhas mais alinhadas, desde a organização da rotina até as decisões profissionais e afetivas. - Prevenção de Quadros Associados, Como Ansiedade e Depressão
Quando não existe entendimento sobre as próprias dificuldades, o desgaste emocional pode gerar sofrimento psíquico intenso. O diagnóstico oferece estratégias para prevenir esse caminho.
Por isso, o cordão de girassol é sim um recurso de visibilidade e acolhimento, mas não substitui o valor de um diagnóstico bem feito, realizado por um profissional especializado.
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O Cordão De Girassol É Só O Começo: Escutar Os Sinais Pode Transformar Vidas
O cordão de girassol carrega uma função muito importante: dar visibilidade às deficiências ocultas e criar mais empatia no dia a dia. Ele abre portas, reduz constrangimentos e traz um pouco mais de leveza para quem enfrenta desafios que nem sempre são visíveis.
Mas a verdade é que o cordão não resolve tudo. Ele é um ponto de partida, não de chegada. Por trás desse símbolo existe uma necessidade muito maior: compreender os sinais que seu cérebro, suas emoções e seu corpo estão comunicando.
Se você se identifica com sobrecarga sensorial, exaustão social, dificuldades de foco, organização, comunicação ou percebe que, desde a infância, esses desafios sempre estiveram presentes, isso não é frescura, não é preguiça e nem falta de esforço. São sinais que merecem ser ouvidos com responsabilidade e acolhimento.
Ter um diagnóstico não significa se limitar. Pelo contrário: significa entender sua própria história, construir novos caminhos, acessar seus direitos e, principalmente, parar de se culpar por coisas que nunca foram sua culpa.
Se você percebe que faz sentido investigar melhor seu funcionamento, eu posso te ajudar nesse caminho. Agende sua Avaliação Neuropsicológica e comece a transformar sua vida a partir do autoconhecimento.